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Infraestrutura urbana e meio ambiente: soluções para cidades mais sustentáveis

Edição de Março/2025

EDIÇÃO NÚMERO #14 • 31/03/2025

Infraestrutura urbana e meio ambiente: soluções para cidades mais sustentáveis

A partir da década de 1970, mais de 50% da população brasileira já era urbana e, atualmente, cerca de 85% dos brasileiros moram em cidades. Os modelos e técnicas tradicionais de implantação de cidades, com sua intensa impermeabilização do solo, escassez de áreas vegetadas, canalização de rios e córregos, acelerando a velocidade das águas da chuva para os pontos mais baixos, contribuem para cenários de caos cotidianos, tanto no noticiário quanto na vida da população. Dias de chuva intensa trazem, cada vez mais, enchentes, alagamentos, quedas de árvores, milhares de pessoas sem energia elétrica, desabrigadas e até mortes.

O avanço das mudanças climáticas, especialmente no aumento da intensidade e do volume de chuvas, contribui ainda mais para a evidência de que a infraestrutura urbana não tem dado conta desse padrão de comportamento, tanto do clima quanto do ser humano.

Se as áreas afetadas forem assentamentos populares, em áreas de risco, às margens de córregos ou em encostas, onde está a população mais pobre das cidades, o impacto é ainda maior, já que, em muitas delas, nem a infraestrutura básica existe. Alternativas mais naturalizadas, associadas a espaços públicos, poderiam ser consideradas nessa implantação, mas exigem intensa disponibilidade para preservação e manutenção.

Desde 2000, o LabHab/FAU-USP vem desenvolvendo projetos de pesquisa e extensão que associam o tema da moradia com o do meio ambiente. Essas iniciativas, ao longo dos anos, desdobraram-se em novas pesquisas, produção bibliográfica, atividades de extensão, consultorias, assessorias técnicas, oficinas e diálogo com o poder público. Uma dessas experiências, o “Canteiro Escola Águas Urbanas: Construindo Infraestrutura a muitas mãos”, no âmbito do projeto de pesquisa “Manejo de Águas Pluviais em Meio Urbano”, requalificou uma viela no Baixo Alvarenga, em São Bernardo do Campo (SP), associando o tratamento do espaço público a jardins de chuva e sistema de captação de água, reforçando a associação direta entre qualidade urbana e ambiental. O tratamento dado à viela aparece como exemplo de práticas possíveis e recomendáveis no “Catálogo de Soluções Baseadas na Natureza para Espaços Livres”, iniciativa das prefeituras de Campinas (SP) e do Rio de Janeiro (RJ).

Tratar a instalação de infraestrutura nesses territórios, considerando aspectos físicos e sociais da ocupação, para além dos aspectos técnicos das soluções, desenvolvendo alternativas que contemplem objetivos ambientais e sociais, é urgente. É frente a esse conjunto de condições que a discussão acerca da drenagem urbana se torna importante quando se trata de garantir o acesso aos direitos sociais e urbanos. Trata-se de melhorar a qualidade ambiental das cidades, a qualidade de vida de seus moradores e sonhar com um futuro em que as cidades brasileiras sejam mais justas e sustentáveis.

São Paulo, março de 2025.

Profa. Dra. Maria Lucia Refinetti Rodrigues Martins

Coordenadora do INCT Produção da Casa e da Cidade

Paula Custódio de Oliveira

Pesquisadora do INCT Produção da Casa e da Cidade

Desde sua criação em 1997, o Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos (LabHab/FAU-USP) tem integrado ensino, pesquisa e extensão para formular alternativas habitacionais, urbanas e ambientais voltadas à inclusão social.

Ao longo de 28 anos de atuação, consolidou-se como referência em pesquisas, projetos, assessorias e atividades de extensão em parceria com prefeituras, Ministério Público, ONGs e associações comunitárias. Atualmente, também sedia e integra o INCT Produção da Casa e da Cidade, ampliando ainda mais seu impacto no campo.

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